Mamertino ou Mamertinus eram um grupo de mercenários da região da Campania no século III a. C. presentes na Sicilia nas colinas de Milazzo (Messina).
Os Mamertini produziam este vinho descrito por Plinio il Vecchio e amado por Gaio Giulio Cesare, usado inclusive na ocasião para celebrar o seu terceiro consolado, um vinho aristocrático de raiz que estava na lista entre os 4 vinhos mais preferido do mesmo imperador.
A região onde se produz o Mamartino DOC se encontra entre as belezas das montanhas do Nebrodi e a faixa costeira do Mar Tirreno (noroeste da Sicilia), portanto os vinhedos estão localizados num cenário impar, olhando inclusive pelas paradisíacas ilhas Eólias.
Mesmo sendo um pequeno território esta DOC possui terroir diferenciados, mas próximos do Nebrodi o solo é mais vulcânico enquanto mais próximo ao mar o solo é misto-arenoso e por isto que os vinhos tem diferenças.
A disciplinar deste vinho (DOC a partir de 2004) determina as tipologias, bianco, rosso, bianco riserva e rosso riserva.
Os riserva são envelhecidos por 24 meses (mínimo 6 em madeira) e as castas utilizadas para o branco é a Catarratto, Inzolia e Grillo enquanto para o tinto as castas permitidas são a Nero d´Avola, Nocera (resgatada a pouco tempo), Nerello Mascalese, Gaglioppo e Sangiovese.
O Mamertino branco se apresenta de cor palha mediamente intenso, muito agradável e boa presença olfativa de arbustos rasteiros da mata mediterrânea especialmente na versão reserva, bem equilibrado na boca.
O tinto quase sempre de cor bem rubi, bem frutado (frutas vermelhas), seco, de corpo médio a muito corposo na versão riserva.
Mesmo sendo um dos vinhos mais antigo do mundo ele não possui aquela mesma visibilidade de outros vinhos da Sicilia ou da Italia em seu todo.
Só na última década que os poucos produtores estão recolhendo os frutos dos esforços plantados, acreditando num reconhecimento mais justo e com um futuro mais otimista, vale mencionar que a cada 10 garrafas confeccionadas 7 tem destinos para exportação.
O vinho que mencionarei hoje se trata de um Mamertino rosso chamado não casualmente de Giulio Cesare produzido pela pequena cantina Cambria capitaneada pelo proprietário-general manager Nino Cambria que é um guardião dos segredos da casta Nocera, que tive o prazer de conhecer na minha última viagem (em setembro 2018) na Sicilia na própria sede. Como recepção na área externa da entrada da Cantina estão plantadas pelo menos 20 variedades de castas daquela região. Impressiona como sendo de pequeno porte possui alta tecnologia de vinificação e o resultados são evidentes nos poucos rótulos, valendo muito a pena provar o Rosso del Levriero (Nocera e Syrah), Mastronicola (100% de Nocera), Kio (Passito de Nocera) e o próprio Giulio Cesare (Nero d´Avola e Nocera).
Giulio Cesare Mamertino Rosso DOC 2012 – Cambria
Cor – Rubi intenso.
Perfume – Prontamente a carga macerada das frutas vermelhas e geléia. De forma tímida aparece traços de defumado e chocolate.
Sabor – De imediato mostra ser de bom corpo, de taninos firmes mas limpos. As frutas vermelhas aparecem como na forma olfativa com elegância e persistência.
Mesmo o vinho estagiando na madeira por alguns meses, o Giulio Cesare mostra uma juventude de frutas vermelhas, por tanto a madeira foi usada sabiamente. Poucos traços ainda de aromas terciários.
A Nero d’Avola (60%) doa aquela potência inicial e a Nocera (40%) contribui em elegância neste blend. Resumindo um vinho bem estruturado, bem frutado e bem resolvido seguramente bem diferente do antigo Mamertino que o Imperador romano gostava.
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