Montalcino, borgo medieval da Toscana imerso nas espetaculares colinas do Val d’ Orcia. Meta preferida e obrigatória dos turistas apaixonados por vinhos italianos.
Poucos sabem que até o fim do anos 800 este borgo era conhecido por uvas brancas, e o Moscadello (casta da família da Moscatel) era o primeiro que deixo famoso esse lugar.
Devido a sua doçura inconfundível, o Moscadello di Montalcino foi um vinho muito apreciado, mas a sua ascensão foi interrompida devido a algumas doenças (oídio, míldio e filoxera) que assolaram as vinhas em meados do século XIX até o início do século XX. Por esse motivo os produtores decidiram abandonar a cultivação desta casta e partiram para a tinta Sangiovese.
A partir deste momento a Sangiovese assumiu em Montalcino algo imensurável no panorama socioeconômico.
Aqui os vinhedos são normalmente os mais caros da Itália, os mais valorizados e cobiçados. Talvez em nenhum lugar do mundo uma casta trouxe tanta riqueza e fartura.
Está casta se exprime de várias formas conforme plantada nos versantes de Montalcino (assista o vídeo no meu canal no youtube, lá tenho um vídeo explicando mais sobre) https://www.youtube.com/@umsommeliersicilianonobras6732/featured.
Vários produtores renomados fizeram a história de Montalcino através do famigerado Brunello di Montalcino (Brunello que deriva de Bruno em italiano que significa escuro em referimento a cor da pele da uva Sangiovese).
A maioria dos produtores desse borgo se dedicam a produção do Brunello di Montalcino que é um DOCG (colocado a venda 5 anos após a colheita e 6 anos na versão Riserva) e o Rosso di Montalcino que é um DOC (no que diz respeito a comercialização do rosso, no entanto, apenas um ano de envelhecimento é indicado).
Praticamente dois vinhos produzidos no mesmo lugar com a mesma casta mas com vinificação, performance e proposta diferente até porque conforme relato de alguns produtores alguns vinhedos são mais aptos para a produção do Rosso di Montalcino e outros para fazer os Brunello di Montalcino, assim fiquem claro que o Rosso não é um vinho inferior ao famigerado Brunello. O Rosso di Montalcino normalmente é mais jovem e fácil de beber com particular vivacidade e frescor. Um vinho agradável não baseado em potência e corpo (no caso do Brunello) muito versátil inclusive em termos de harmonização.
A Castello Banfi é uma vinícola relativamente nova (em comparação a vinícolas que existem a mais de 1000 anos, na região) pois foi fundada em 1978 por dois irmão Italoamericanos John e Harry Mariani que em pouco espaço de tempo adquiriram e ganharam, notoriedades, reconhecimentos e prêmios (12 vezes Melhor Cantina Italiana – Vinitaly).
Hoje provo então o Rosso di Montalcino desta vinícola que conforme ficha técnica da mesma informa que o vinho passou brevemente (de 3 a 6 meses) em barricas de carvalho francês de dimensões diferentes e que a fermentação ocorreu anteriormente de forma convencional em tanque de inox.
Rosso di Montalcino DOC 2018 – Castello Banfi
Cor – Rubi
Perfume – Claros aromas de frutas vermelhas (cereja e ameixa) que se combinam com notas leves de café, tabaco e especiarias.
Sabor – De corpo médio, equilibrado, possui um rastro intrigante fresco/salgado/mineral que aumenta a agradabilidade da bebida. Taninos limpos/lapidados. Final de boca relativamente persistente.
Um vinho que contém as características e a expressão da casta Sangiovese, um produto que facilmente monstra os vestígios dos tintos de Montalcino. Neste caso um vinho que possui sim uma complexidade mas mais moderno e porque não ” dinâmico”.
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